quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Woodstock ou Não


Nem todo dia precisa ser um Woodstock, um mega show de rock, uma loucura, uma nova leitura, nem todo dia precisa ser uma orquestra sinfônica, uma harmonia nipônica. Às vezes os dias podem ser comuns, tediosos, lerdos, sonolentos, puro desalento. 
Mas todos os dias precisam ter sempre você, pois depois de você, qualquer buzina é solo de guitarra, qualquer martelada, é uma percussão afinada, num precisa ser Woodstock, só você no palco, ainda que sem voz e sem violão.



Hévila, só você, ainda que sem voz e sem violão.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

"Sentido! Não faz... sentido..."


De longe o som bem baixo, a música vindo de uma direção não identificada, dizia no refrão "It ain't me babe/ It ain't me you're looking for", seria essa mais uma daquelas ironias da vida? Ele sabia que sim, "coincidências não existem" ele pensava. No canto do quarto, um porta-retrato, velho, moldura demodê, como tudo que ele tinha, como tudo que ele fazia, ele era antiquado, não servia aos padrões, mas quem liga? Na sua pele tinha escrito permanentemente:
"E que fique muito mal explicado.
Não faço força para ser entendido.
Quem faz sentido é soldado..."

quinta-feira, 26 de abril de 2012

s2

Tu-Tum, Tu-Tum, Tu-Tum, Tu-Tum, Tu-Tum,
Bate no compasso de uma música, bate acompanhando uma zabumba.
Bate esperando um olhar, acelera, disritma.
Bate até se controlar, ou abandona o controle e se entrega.
Bate, porque tem que bater, por falta de opção e mais nada? Que nada.
Bate porque é vida, porque é bobo. 
Aos que não tem motivo pra bater, só resta: Tu-tum........Tu-tum.........e Fim.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Cega, surda e louca.

O tribunal mais implacável para um ser humano, de bem, é sua própria consciência, ainda que ele seja réu, juri, testemunha, promotor, advogado de defesa e juíz. A mente nos propõe uma infinidade de obstáculos, todos transponíveis, todos passíveis de fim, porém junto de cada um deles, existe um sentimento que às vezes perpassa o receio... chegando ao terror... e cabe ao tribunal decidir qual sentença pra esse réu tão culpado e tão inocente... as decisões são as mais esdrúxulas possíveis, e não seguem boas lógicas.
A consciência nos desorienta, obnubila qualquer chance de mudança de pensamentos, mareja os olhos, raramente clareia nossas ideias, tem capacidade pra julgar inúmeras questões, o único problema, é que as sentenças nem sempre são cumpridas, e é aí que reside o maior dos perigos, em muitas das vezes sabemos qual o fim dado ao réu, mas nem sempre ele aceita, quando se trata de ódio e amor... ele costuma ser réu recorrente... e dificilmente admite o julgamento. 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

1984... Big Brother... histórias únicas e os ditos fatos...

Com frequência quando converso com alguém ou me perguntam sobre sugestão de livro pra se ler,  faço questão sempre de incluir, independente do gosto, crença, visão política e afins que essa pessoa tenha o grandioso (sim, adjetivo tendencioso, porém sincero) livro "1984" de George Orwell, ele descreve um futuro distópico nos longínquos anos de 1984... sim distantes para o escritor que o escreveu em 1948 (daí a inversão e escolha da data futura), em que vivemos num mundo divido entre 3 grandes potências, sim ele descreveu a Guerra Fria, Oceania, Eurásia e Lestásia... ou seria EUA e Capitalistas, URSS e demais comunistas e a China? No livro ele descreve um mundo em que: "Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado... quem controla o passado, controla o futuro" onde o governo no seu jeito "duplipensar" de agir e fazer conduz a sociedade a uma alienação, ao esquecimento dos fatos, ao encobrimento de fatos, e alteração dos fatos... pois sim, o que seria o fato se dependemos de alguém pra descrevê-lo, como algo pode ser fato? Se nós não acreditarmos, em nós mesmos, e naquilo que vimos, deixa de ser fato, vira boato, se perde... e se esquece... o governo do livro na personificação do "Big Brother" (não, não esse da televisão, o nome surgiu do livro mesmo), o Grande Irmão do livro controla a vida da população, garante sua segurança, no trocadilho em inglês "Big Brother watches you" sim, ele zela por nós, mas também nos assiste, não é a toa que em cada lar da Oceania, uma "teletela" se encontra lá pra manter o discurso do partido em dia, e pra observar os cidadãos em suas casas, e em todos os lugares. É incrível a tamanha riqueza de similaridades de um livro escrito a tanto tempo com nossas vidas hoje em dia... temos nossas vidas vigiadas nas redes sociais, pelos próprios vizinhos, pela mídia, pelo governo... 
É assustador pensar o quanto estamos susceptíveis a sermos enganados pelos ditos fatos do momento, ou dos boatos do futuro, o que é fato de verdade? O que é verdade? O que é a verdade? Antes de virar verdade precisamos acreditar... ou seja falso ou verdadeiro quem decide somos nós, se acreditamos nos registros históricos que dizem e "comprovam" que houve um Cabral, e não alguém que tenha forjado toda a nossa história, e é isso que passamos dia após dia.
Antigamente não tinhamos a noção de quanto podemos estar vivendo na Matrix... sim... outra referência... esse medo é real, eu acredito, sabe? É a tal da história única, como nos contou uma vez Chimamanda Ngozi Adichie, escritora nigeriana, mostrando o quão perigoso é acreditar e somente analisar uma história única... considerar apenas a informação de uma única fonte, sem analisar contexto e lados da história é fechar os olhos e viver na Oceania de Orwell, em que mesmo que por um instante você crê que aquilo que te contam é mentira, o fato de todos acreditarem e propagarem como verdade, te faz desacreditar de si, e assimilar o do restante. 
A informação hoje é tão fácil e palpável pra tanta gente... e com isso nós temos responsabilidade com essa informação, não adianta apenas propagar, compartilhar e porque não "curtir", temos que analisar, pra não sermos controlados pelo Grande Irmão... porque no início "A Oceania sempre esteve em guerra com a Eurásia", mas quando menos esperamos "A Oceania sempre esteve em guerra com a Lestásia".